QSFANV - Banda Project46
Desde que eu conheci o som da banda Project46 eu tenho a visto como uma banda promissora, influente e com grandes chances de crescer no cenário underground, só que eu nunca esperei que essa banda viesse a se tornar uma das maiores bandas do cenário underground atual, isso é, se não for a maior.
Eu sempre vi o primeiro álbum do Project46 como uma “filosofia de guerra”, graças à temática da banda, as ideias passadas nas letras, já o segundo álbum, o icônico “que seja feita a nossa vontade” veio a surpreender as minhas expectativas sobre a banda, não só pela música, mas também pela agressividade apresentada, seja no vocal do Caio McBezerra, ou no instrumental. Eu sempre vi bandas que vieram com ideias revolucionárias, com letras de protesto, com um alto nível de senso crítico, desde os artistas de MPB até as bandas de Hardcore, mas nada tratou a crítica tão duramente quanto o Project46. Sem mais delongas:
Faixa 1 - Caos Renomeado.
A primeira música começa de forma impactante, com uma crítica direta a mídia de massa, aos telejornais que camuflam as verdades, a nossa política, quanto ao instrumental e vocal, pode-se perceber o “abuso” das distorções pesadas, e o vocal destruidor, seja no gutural, ou no pig squeal, uma faixa com uma temática forte, um completo tapa na cara, algo que veio pra mostrar pro que veio.
Faixa 2 – Foda-se (se depender de nós)
A segunda música fala de uma forma muito direta sobre a linha tênue sobre o amor e o ódio, a camaradagem e a filha da putagem (haha), sobre aquela ideia de assumir os erros, de cair e levantar, um grito pedindo pra aprendermos com nossos erros e falhas. Instrumental impecável, sem mais.
Faixa 3 - Erro +55
Essa terceira música foi o ponto forte do álbum, até então, (na minha opinião, é claro). Essa música fala do quanto insistimos em errar, trazendo um resumo da situação atual do nosso País, desde a nossa política, até a ideia de sermos completos alienados, seja por religião, futebol, deixando tudo o que realmente precisamos de lado, coisas básicas, como um sistema de saúde decente e uma educação melhor.
Faixa 4 - Desordem e Progresso
Uma crítica direta a nossa política atual, às nossas escolhas quanto aos nossos representantes, nos dando uma ideia de revolução, causando um forte impacto quanto aos nossos ideais, quanto a nossa busca por mudanças e melhorias.
Faixa 5 – Carranca
Essa música sinceramente me surpreendeu MUITO, quanto à ideia passada, com um trecho de samba enredo, em alusão indireta as escolas de samba, e quanto ao tráfico de drogas e as guerras por poder nos morros.
Faixa 6 – Na Vala
Essa música soa como um “grito de basta”, quanto à criminalidade no nosso país, é como um relato de um inocente, e nos dá a ideia do como seria a nossa reação após todo mal causado por criminosos, mostrando a nossa descrença nessas horas, como reagiríamos se nos deparássemos com essas pessoas.
Faixa 7 – Empedrado
Quanto a essa faixa: a temática dela foi bem apresentada, mostrando de uma forma bem clara os efeitos do crack, a luta diária de quem é dependente dessa droga, o estado deteriorado que a mesma faz com a pessoa. E é claro, mostra de quem é a culpa de tudo isso, do nosso sistema e leis falhas.
Faixa 8 – Veneno
A oitava faixa vem com uma temática forte, mostrando alguém que se deixou levar pelos vícios, pelas drogas, mas que conseguiu retomar o controle da sua própria vida e agora luta contra suas recaídas e falhas do passado, para não voltar a ser o que era antes.
Faixa 9 – Em Nome de quem?
A penúltima faixa vem com uma crítica direta à união feita entre religiosos e políticos, levando em consideração seu poder de manipulação, sejam pelos métodos “religiosos” ou pelos métodos “políticos”, também nos questiona sobre os nossos problemas políticos e socioeconômicos, afinal quem é o errado da história? O político que rouba ou nossa por votar no mesmo?
Faixa 10 – Vergonha na cara
A faixa que fecha o disco não poderia ser outra, a não ser “Vergonha na cara”. Essa música vem como um tapa na cara pra todas as camadas da sociedade, desde a mais pobre até a mais rica, criticando os líderes políticos, os trabalhadores que precisam “agradar” os chefes pra conseguir aumentos salariais, criticando o nosso governo que ao invés de criar uma cura aos nossos vícios só criam métodos de piora-los, aos que fazem tudo pelo dinheiro. Enfim, uma música que serve pra todos nós, que encerra
da melhor maneira um disco feito pra mostrar da forma mais direta os nossos erros, nossa culpa e omissão diante de tudo que acontece no nosso país.