Éter - Banda Scalene
Scalene é uma banda que começou em 2009 e já em seu segundo trabalho, intitulado Real/Surreal, vem surrando as afirmações de que o Rock está morto e enterrado.
A banda chega em 2015 com um novo CD, uma nova cara e uma nova alma. Éter, recém-lançado, é um álbum que te faz querer gritar as músicas a cada minuto que passa, e, a cada faixa, vem consagrando a banda brasiliense na cena musical brasileira.
O álbum começa muito bem com “Sublimação”.
Os coros que marcam a música trazem a energia que a banda coloca nos palcos, já na introdução do CD. Com uma letra bem mais madura do que boa parte das músicas de seu irmão mais velho (Real/Surreal), Sublimação conta também com riffs interessantes e até um possível bate cabeça mais para o final da música. Mas, se a ritualidade de “Sublimação” não te afetou, “O Peso da Pena” já entra com o pé na porta.
Trazendo uma das características da Scalene, voz suave sobre belas distorções, a música que foi baseada em um ritual do Egito antigo, é um prato cheio pra quem gosta de compassos quebrados.
A coisa esquenta com uma das melhores músicas. “Histeria” é mais pesada, utilizando de partes calmas e agitadas, com voz rasgada e uma das que mais lembra “Muse”, banda inglesa da qual os integrantes das Scalene dizem fazer parte de sua vasta lista de influências. A música tem um ar macabro, algo que a deixa melhor a cada segundo que passa, contando até com breakdowns.
Acalmando a linha de seguimento do CD, “Fogo“ é mais diferente. Tranquila, violão, vozes bem trabalhadas, guitarras leves e ótima finalização, a música também mostra o belo trabalho que Gustavo Bertoni, vocalista da banda, tem feito com sua voz.
Quebrando totalmente a linearidade do CD (E não, isso não é nada ruim!), “Gravidade” tem um ritmo latino, marcado pelo piano, letra descontraída e refrão viciante, mesmo com um certo tom sombrio. Você se deixaria levar pela gravidade?
“Furacão” já começa com duas vozes, que se tornam oitavadas, marcada por falsetes e uma ponte interessante onde os instrumentos não estão presentes, apenas as vozes. A música dá um término à linha calma, que foi iniciada com “Fogo” e mostra que “Éter” é um trabalho feito que pode agradar à qualquer tipo de pessoa. Fazendo uma interligação muito interessante e bonita entre o calmo e a volta das distorções e músicas mais pegadas, “Terra” conta com a presença marcante de Mauro Henrique, vocalista da banda "Oficina G3" que, ao emprestar sua voz pra música, fez, talvez, uma das melhores participações na história do Rock brasileiro. A música combinou perfeitamente com a voz de Mauro, assim como sua voz combinou com a de Gustavo.
Seguindo em uma pegada mais pop vem “Náufrago”, música que já mostrou seu potencial sendo a primeira faixa de “Éter” executada no programa da Globo, SuperStar. Realmente muito boa, os coros repetitivos te fazem ficar o dia todo cantarolando "Oh Oh". A música conta também com um final absurdamente bom que, contando com a ajuda do “Oh Oh”, te faz deixar a música no “Repeat” por algum tempo.
“Alter Ego” é mais uma música diferente. Um dos melhores refrões e, sem sombra de dúvidas, com guitarras muito bem trabalhadas. As guitarras deixam uma marca muito boa na música e combinam perfeitamente com a letra, falando de alguém que, ao meu ver, vem enlouquecendo desde o início do CD.
"Tiro Cego" traz uma pegada mais lenta, marcada pelo baixo e bateria e uma letra muito boa para, assim que entra o refrão, você sentir as guitarras rasgando o seu interior junto com a voz que te diz para gritar: "Não é um tiro cego, te protejo, atiro em mim!". Muito, muito boa.
Entrando na reta final de “Éter”, você pode ter certeza de que já deixou a sanidade de lado. “Loucure-se”, penúltima música do álbum, marca bem essa ideia e é ótima pra curtir com o fone no volume máximo. A voz rasgada que abre espaço ao falsete marca o final dela, essa transição deixa o final muito mais marcante do que normalmente ficaria, trazendo consigo a chave de ouro para finalizar um álbum repleto de simbolismo e compassos quebrados com: ”Legado”.
A música é tão incrível, que foi a primeira faixa de “Éter” a ganhar um videoclipe. A sonoridade incrível é marcante durante os 2:46 minutos de música. Os instrumentos muito bem colocados e a mensagem que ela passa faz com que “Legado" seja, com toda certeza, uma das que fazem o álbum valer a pena.
“Éter” não veio somente para marcar a história da "Scalene", mas para marcar a história da cena independente como um todo. Ele demonstra que não tem limites para fazer quase nada na música e traz consigo bastante inspiração para as demais bandas continuarem a fazer seus trabalhos.
“Éter” vem metendo socos e chutes na porta.
“Éter” vem lindo, gostoso de se ouvir.
“Éter” te faz querer pular, gritar e cantar.
“Éter” é "Scalene" !