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Entrevista: Clube de Patifes


Clube dos Patifes é uma banda de bluesrock baiana que faz um dos trabalhos mais originais, utilizando um ritmo que pouco vem se renovando, criando seu próprio estilo: o candomblues! Sente só essa entrevista, que está do "balacobaco"!

MADM: Qual é o conceito por trás das letras ?

Clube dos Patifes: O Clube de Patifes sempre canta suas dores, suas percepções da realidade que nos circunda. Mantemos uma relação cultural e ideológica com o nosso lugar reafirmando o nosso pertencimento ao Sertão. Claro que no nosso caso, no caso da Feira de Santana, esse Sertão é urbano, porém, o nosso sentir, nosso perceber, permanece o mesmo. Apenas reposicionado.A forma de nos relacionarmos com as nossas perdas, com as conquistas, com as dores é a mesma que a do ser sertanejo.Assim, nossa música busca retratar as experiências cotidianas urbanas sentidas com a intensidade de sertanejos.

MADM: O Blues é a única estrada seguida por vocês ? Vocês têm planos de experimentar novas sonoridades ? Clube dos Patifes: O Blues é a nossa forma de interagir com a realidade, é a nossa estética musical. Porém, compreendemos o blues para além de riffs, clichês e construções harmônicas. A música do Clube se conecta de diversas formas com tudo que está à nossa volta. Sejam músicas, cores, aromas, sabores. Crescemos num universo culturalmente bastante diversificado sofrendo influências simultâneas que nos reafirmaram e negaram, mas que foram estratégicas na construção da nossa identidade. Assim, o Samba de Roda, a Chula, a música de Terreiro, o Rock’n’Roll, o Reggae... Tudo nos ajudou e ajuda a formatar o Candomblues do Clube de Patifes.Quanto a experimentar novas sonoridades, o Clube está construindo esta estética Candomblues e esse fato nos leva a experiências com sons, possibilidades harmônicas e isso, nos refirmando com a música Blues e nossos compromissos ideológicos e espirituais. Por isso, considero o Casa de Marimbondo uma jornada que percorremos e que, ao mesmo tempo, nos reaproximou das nossas origens e nos aponta novas possibilidades para nossa música.

MADM: Como foi o processo de idealização do novo álbum, o "Casa de Marimbondo"? Qual foi o papel de cada integrante, além do trabalho em seus respectivos instrumentos ?

Clube dos Patifes: O álbum Casa de Marimbondo é a concretização dos nossos esforços e das nossas buscas pela qualidade musical. Essa busca em primeiro lugar nos conduziu ao Estúdio T e para a eficientíssima e luxuosa produção de André T. Em nosso primeiro diálogo acerca do álbum, foi explicado ao André o que a gente compreende por Candomblues e a importância de que tudo soasse de forma espontânea, natural e confortável. E o resultado alcançado superou a nossa expectativa. A forma do Clube de Patifes trabalhar é a autogestão e todos acabam assumindo as demandas. No disco, por exemplo, tivemos que nos desdobrar, pois moramos em Feira de Santana, 130 Km de Salvador, onde fica o Estúdio do André. Essa logística de viajar e gravar acabava sendo dispendiosa e tivemos que reelaborar as estratégias para conseguirmos cumprir de forma satisfatória o planejamento inicial e o cronograma do Projeto do álbum.

MADM: Quais são os próximos passos da banda ?

Clube dos Patifes: Temos a compreensão de que temos uma grande obra nas mãos, o fruto de um processo longo e consolidado de maturação musical, estético e Artístico. Daí, estamos iniciando os lançamentos físicos do Álbum, os nossos Giros. Nosso objetivo é levar o Show e a força melódica e estética do Candomblues para os mais diversos palcos e públicos do país. Nos achamos na obrigação de difundir a música independente que está sendo produzida Brasil afora. O Brasil tem que perceber as diferentes estéticas e a diversidade da produção artístico-cultural dos Brasis.

MADM: Qual é a opinião de vocês sobre o olhar da mídia para a cena independente ? Ela dá a força necessária ?

Clube dos Patifes: Arte independente e mídia é um capítulo à parte nessa história de novos rumos da música. A grande mídia ainda não compreendeu esses novos formatos e contornos do negócio da música na contemporaneidade. E se ela não compreende, ela nega, inviabiliza e silencia. A grande mídia insiste em negar a nossa existência. Hoje existe uma corrida desenfreada deste setor da comunicação em manter-se no controle dos gostos e das vontades da sociedade brasileira e, para isso, continua tentando determinar a estética artística e cultural do Brasil. Essa persistência se personifica nos programas Caça Talentos que se proliferam dia após dia na TV nos moldes The Voice’s e Super Star’s... Porém, os seus produtos, apesar da força midiática, não trazem contribuições para o universo cultural. Apenas resumem-se à insignificância e limitações de produtos midiáticos e/ou mercadológicos. As mídias alternativas, por sua vez, apesar da aproximação da cena independente, insistem nos modelos eternizados pela grande mídia quando tentam adivinhar (apostar) em artistas que seguem um determinado modelo estético que caiu no “gosto” dos “formadores de opinião” ou de consciências coletivas. Então, vemos as listas dos MAIS se repetirem em diversos blogs e sites especializados, independente das diferenças ideológicas e de concepções dos seus idealizadores. Assim, ajuda bastante se as mídias alternativas apostarem em modelos e concepções estéticas não convencionais, ou melhor, igualmente alternativas. Não tem como combater a ditadura do “bom gosto” tentando impor um padrão estético a cada nova lista dos TOP.

MADM: Com a chegada do novo álbum, vocês tentam manter a mesma essência do primeiro disco, ou são trabalhos paralelos ?

Clube dos Patifes: Como disse antes, o Casa de Marimbondo é o nosso álbum que mais nos aproxima do nosso álbum de estreia o “Do Palco ao Balcão” de 2001 e que, ao mesmo tempo, aponta para infinitos e diversos caminhos e possibilidades de fazermos nossa música. O Clube na busca de novos rumos musicais acabou se redescobrindo, reencontrando e reafirmando a sua essência. Nunca fomos tão Clube de Patifes quanto somos hoje, uma banda de Candomblues e essa estética define muito bem quem somos. Para saber mais, tem que comparecer aos Shows do Clube de Patifes para entender e sentir toda essa energia e vibração ao vivo!

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