Resenha: Caio Correa - Muriaquitã
Caio Correa, o ex baixista da banda Scracho, que declarou seu fim, ou sua pausa, à cerca de um ano atrás, lançou seu primeiro CD solo. O nome é "Muriaquitã, que, além de uma capa simples e bem introspectiva, traz umas novas influências no som e algumas que nós já estávamos familiarizados nos últimos CD's do Scracho.
Com letras falando de política, preconceitos e sua doze de amor o "Muriaquitã" traz um universo que pode ter impressionado alguns. Com a bateria substituída por beats em quase todo o álbum, ele vem mesclando as influências de MPB com ritmos mais africanos como o xaxado e o reggae. Quase uma panela de pressão entre Lenine, Novos Baianos e Nação Zumbi.
O álbum começa com a música "Boas Novas", que tem 1:29 e, como o próprio nome diz, ela abre alas para o que o álbum pode mostrar. A música é tocada por palmas, percussões e um instrumento de sopro com um timbre bem roots.
Seguida pela letra reflexiva de "Papel de Pão", que, na minha opinião, tem umas das melhores frases do álbum, e um instrumental no estilo que marca uma boa parte das músicas do álbum. Algo mais eletrônico, porém, com uma levada que marca a maioria do universo do CD.
A terceira música já era conhecida, por quem já estava acompanhando o trabalho do Caio. “Toma Aí” tem a letra escrita por Rodrigo Costa (ex-Forfun, Riocore All Stars e Carranca) e foi o segundo single lançado antes do CD. Talvez a música mais reggae do álbum, tem um baixo digno do ótimo baixista que o Caio é, e, além do baixo, a guitarra bem marcante, principalmente no refrão. A música é feita por beats, teclados e sintetizadores. Se você ouvir vai ficar com um refrão na cabeça alguns dias. Aproveita e confere o clipe:
“É Gol” também não é inédita. Antes do Scracho anunciar a última turnê, na época da Copa de 2014, aqui no Brasil, o Caio tinha publicado um vídeo, em sua conta no youtube, dele tocando essa música sozinho, voz e o violão. Com a letra bem crítica relacionada à Copa do Brasil, a música traz um instrumental com bastante tempero. Como o resto do álbum, ela tem seus elementos eletrônicos, porém as cordas e algumas percussões fazendo uma bela harmonia. Além de uns samplers de gritos de torcidas e apitos para tematizar mais ainda a música
A primeira música de amor do álbum é “Sítio Forte” e vem com uma introdução que parece que você acabou de dar o play na ”Acabou Chorare” dos Novos Baianos. Além da letra pra lá de gostosa de ouvir, a música talvez seja a mais “simples” do CD, baseada em um violão e alguns efeitos ao fundo. Também tem alguns backing vocals da Dedé Teicher, que era a baterista e vocalista do Scracho, e é namorada do Caio.
Enquanto a anterior é bem simples, “O Caldo” é praticamente toda feita com beats e sintetizadores. É mais uma das músicas com as ideias menos explícitas e mais reflexivas. Ela conta com uma parte mais rimada que lembra até um pouco a parte do Mc Mãe em ´´A.C.H.T``, música que faz parte do “Mundo A Descobrir” (segundo álbum de estúdio do Scracho).
“Hoje Quem Ri Sou Eu” foi a primeira música oficial do álbum lançada na internet. Ela mostrou como seria a vibe do álbum e gerou curiosidade pra muitos de como seria o resto do CD. A letra dela faz parte do time de letras crítica e explícitas do “Muriaquitã”. Ela começa com um simples riff de guitarra, que vem seguido por beats e sintetizadores, além de um belo swing de baixo. Ela traz surpresas ao longo dela, como riffs, partes mais silenciosas, mais barulhentas, coisas que podem fazer você amar ou achar ela chata. Além de ser a primeira ela veio acompanhada de um clipe com imagens da gravação.
Depois da agitada “Hoje Quem Ri Sou Eu”, vem a calma “Pera Aí”. Com uma linha de baixo que rege uma boa parte da música, ela tem uma letra que podemos dizer “simples”, porém entupida de metáforas e uma mensagem pra lá de foda. Se não quiser escutar a música, leia a letra que vale a pena.
A penúltima música do CD tem uma verdadeira influência da cultura brasileira. “Xote”, com bastante percussão, é mais uma das músicas românticas do CD. É aquela que você pode botar quando a sua vó tiver perto, porque ela deve curtir.
O “Muriquitã” termina com a música “Isso Me Faz Bem”, a música mais orgânica do CD. Ela conta com a participação do Cris, da Onze:20, dando um brilho a mais na guitarra e do Rodrigo Stalone tocando bateria (para quem não sabe, o Rodrigo foi o primeiro baterista do Scracho e é um dos apoiadores do álbum). Mais uma vez, a Dedé faz o backing vocal na música. Não só faz o backing vocal como acredito que seja a menina do “corpo miúdo” da música. Na minha opinião uma das melhores do CD.
Então galera é isso, o “Muriquitã" é um CD que vale a pena ouvir, tanto os que já conheciam o Caio do Scracho, para conhecer agora esse novo lado musical dele, como para quem não o conhecia. Letras boas, tanto de críticas, de reflexões, de amor e com bases e instrumentais meio que “diferentes”.