Resenha: O Terno – Melhor Do Que Parece
"O Terno" é uma das bandas que mais se destacam na cena de rock nacional atual.
Filhos da "terra da garoa", São Paulo, os integrantes Tim Bernardes (guitarra e voz), Guilherme d'Almeida (baixo) e Biel Basile (bateria), compõem essa banda que acaba de lançar seu terceiro álbum de estúdio.
A banda tem como forte característica o rock clássico que predomina suas canções e é muito bem trabalhado no "66", o primeiro álbum de sua discografia, que foi lançado em 2012.
O segundo álbum da banda traz o próprio nome e foi lançado em 2014. Marcando bem uma outra característica da banda, que são as letras claras e simples, porém melodias bem ricas, bem trabalhadas e com um som um tanto quanto orgânico e coeso.
"Melhor Do Que Parece" é o terceiro álbum da discografia do "O Terno", e teve seu lançamento no segundo semestre de 2016. O primeiro single, "Culpa", representa bem a proposta de sonoridade do disco, que já traz um pouco de influência do indie e um som um pouco mais dançante.
"Culpa" é a primeira faixa do álbum e é bastante interessante, porque apresenta uma melodia dançante com características que mostram a leve influência do indie, como um som leve de sintetizador em alguns trechos, palmas em outros, o que contribuiu para um resultado final bem bacana. Foi uma ótima escolha de primeiro single, porque a faixa tem um refrão muito bom e é finalizada com um solo de guitarra muito bom.
Em seguida temos "Nó", que é uma canção de melodia incrivelmente rica, com percussão, harpa, violino, sintetizador, baixo e a mistura disso tudo foi executada com maestria. Além da letra meiga e os vocais de fundo que também deram um ótimo efeito. Com certeza, do viés técnico, é uma das melhores faixas do álbum, senão uma das melhores lançadas atualmente. Impressionante ver como a banda executou bem uma faixa que não tem nada de rock, demonstra a versatilidade e achei muito boa.
A terceira faixa do álbum é intitulada "Não Espero Mais", que traz uma letra muito boa e uma melodia com uma pegada de blues e uma influência de pop rock. Novamente fazem o uso do sintetizador, dessa vez, de maneira mais singela. Cada influência foi trabalhada particularmente e a melodia cresce de uma maneira bem diferente. A musicalidade foi aproveitada no trecho instrumental e o resultado final ficou muito bacana.
Nessas três primeiras faixas já é perceptível o quanto a banda trouxe melodias muito criativas e as mais diferentes influências para as músicas. Mas nunca deixando de lado o rock n' roll clássico e forte da "O Terno".
Dando sequência, "Depois Que A Dor Passar" é a quarta faixa do álbum. Com uma introdução que traz uma levada praiana, percussão, baixo, os vocais de fundo e uma letra um tanto quanto profunda. A melodia da canção é densa e ao mesmo tempo leve, o que condiz bastante com o que a letra passa também. Bastante amarradinha, coesa. O timbre do Tim, vocalista, nessa faixa, lembrou um pouco o do Raul Seixas, o que não seria muito previsível, se tratando do som que a banda costumava fazer até então. Mais uma evidência de novas influências no som riquíssimo do "O Terno". Incrível.
"Lua Cheia" é a quinta canção do disco e traz uma introdução que lembra bastante a de "Culpa". A letra é um pouco mais complexa do que as demais e a melodia em si traz novamente uma pegada de Raul Seixas e um rock nacional oitentista. O baixo e as guitarras são muito bem trabalhados.
Chegando à metade do álbum, "O Orgulho E O Perdão" é a sexta faixa, que traz uma melodia maravilhosa que fica vagando entre o samba e o MPB. Lembra muito Chico Buarque e Caetano Veloso.
Se eu tiver algo que não for exatamente positivo à dizer sobre o álbum até agora, diria que em algumas faixas como "O Orgulho E O Perdão", as influências foram colocadas de maneira que não manteve a personalidade da banda. Se tiver sido esse o objetivo, foi muito bem executado. Se não tiver sido, também não tem muito problema, porque ainda sim ficou muito bom. Digamos que a banda tem alma velha que trabalha muito bem também a música nova, então é algo muito criativo e que se destaca na música nacional atual.
Dando continuidade, temos a sétima faixa do álbum que se chama "Volta". Com uma melodia bem calma e tranquila, que casa muito bem com a letra melancólica. O refrão, com a harpa e o pandeiro singelos na melodia, deram um leve toque e no final das contas ficou uma faixa bem romântica e bonita. "Minas Gerais" é a oitava canção do álbum. Dá continuidade à parte mais calma e tranquila do álbum. A letra é bem bacana e a melodia é bem gostosa de ouvir.
A nona faixa do álbum é "Deixa Fugir" e traz uma letra ótima, junto com uma melodia que lembra o som do Los Hermanos. Seria um ótimo single também.
Entrando na parte final do álbum, temos "Vamos Assumir", que é a décima canção. A vibe é um pouco similar à da faixa anterior. É uma faixa que passa uma mensagem densa com uma melodia muito uniforme e coesa.
A penúltima faixa do disco é intitulada "A História Mais Velha Do Mundo" e é uma faixa muito interessante, pois possui uma melodia muito simples e tem apenas 1:13min de duração. Achei realmente interessante. E ficou bonitinha. No pouco tempo de duração, contribuiu bastante para a proposta do álbum, no que diz respeito às composições.
Para fechar o álbum, aparece a faixa-título, "Melhor Do Que Parece". Um destaque nessa canção é a extensão vocal do vocalista Tim Bernardes e a letra também é bastante criativa e de uma maneira simples ela transmite algo que não é habitual de se ouvir em músicas. A melodia com instrumentos clássicos ficou bem bonita mesclando com o baixo e a guitarra. Ficou muito bem colocada no final do álbum. O refrão é ótimo também.
Numa visão geral, o álbum foi bom e bastante surpreendente, com relação às influências nas canções. As faixas poderiam ter sido mais misturadas, ao invés de separadas em mais dançantes e mais tranquilas, mas isso não influencia no fato de que foi um álbum muito bem feito e que com certeza merece destaque.
Para ouvir o álbum, clique aqui.