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CENA 2.0 - Enquanto os homens...


Não é de hoje que músicos, atores, bailarinos, diretores e a classe artística em geral tenta se afirmar na sociedade brasileira como uma classe trabalhadora como outra qualquer. Apesar de existirem alguns sindicatos e entidades representativas dos setores artísticos, ainda existe um grande sentimento no senso comum de que um artista não trabalha de fato, se diverte apenas. Por mais óbvio que pareça, é preciso ressaltar que por trás de cada espetáculo, cada show, cada apresentação que as pessoas aplaudem de pé, sejam ricos sejam pobres, existe uma enorme quantidade de trabalho efetivo, desde técnicos, cenógrafos, dramaturgos e os próprios artistas com anos e anos de estudo, horas a fio de ensaios, etc.

Há cerca de 10 anos se iniciou um processo para corrigir algumas distorções que pairam sobre o setor artístico no Brasil, entre eles também mudar a imagem do setor na sociedade mas também dimensionar de uma forma mais realista o tamanho e a participação do segmento na economia com dados atualizados. Naturalmente que esse esforço caminhava também no sentido de aumentar as verbas destinadas a essas atividades, tendo em vista que país afora essas verbas sempre foram escassas.

Na música especificamente houve uma série de debates com uma participação maciça tanto da sociedade, da classe, do governo, organizações e empresas. Em meio a debates e conflitos, se chegou no Plano Nacional da Música. Longe de ser perfeito, esse documento traz uma diretriz mínima para as políticas públicas que visam equilibrar a balança do mercado, sem privilegiar somente as grandes gravadoras e grandes organizações. Fomento, fiscalização dos direitos autorais e uma série de medidas se propunham a ser um marco, o início de uma nova fase para a música no Brasil, com muito ainda a ser feito, diga-se de passagem.

Talvez vocês estejam se perguntando porque esse texto está todo no passado, uma vez que esse plano ainda existe e deveria estar sendo implementado, já que virou lei. Não querendo ser pessimista mas sim chamando a atenção para um assunto importante de interesse da classe, o que podemos esperar em tempos que vários avanços e conquistas estão sendo sucateados e retirados? Só pra citar alguns exemplos, a desobrigação da participação da Petrobras na exploração do Pré-Sal (que pode gerar muitos recursos para áreas como saúde, educação e a própria cultura), uma reforma do ensino médio por decreto, sem discussão com a sociedade, e por aí vai. Enquanto os homens exercem seus podres poderes, a classe musical e a artística em geral deve estar atenta e forte como os estudantes secundaristas de todo país, que ocupam as escolas por um ideal e uma resistência aos retrocessos e em defesa de seus direitos e conquistas.

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