CENA 2.0 - O download está no fim?
Existe uma discussão no meio musical após a consolidação dos suportes digitais sobre disponibilizar ou não o álbum para download livre dos usuários. Há muito tempo se discute se essa maneira de distribuir música é um potencial para angariar fãs ou se prejudica a distribuição e remuneração dos fonogramas. O fato é que existem argumentos para os dois lados.
http://www.daniusoft.com/br/tutorial/to-download-free-legal-mp3-music-for-new-ipod-touch-2-ipod-nano-4.html
O principal argumento contra é bastante óbvio, de que essa distribuição gratuita inibe licenciamentos no exterior e reduz significativamente possíveis receitas no comércio digital. E isso faz bastante sentido nos dias de hoje, principalmente após o surgimento e a popularização do streaming, que fornece um grande conteúdo de música de forma gratuita a muitos usuários.
Porém o Brasil possui uma realidade distinta de outros países ocidentais, e principalmente durante os anos 2000 o download gratuito foi uma ferramenta importante para vários artistas e grupos alcançarem reconhecimento, como é o caso do Móveis Coloniais de Acaju e Teatro Mágico, só para citar dois exemplos. Como não eram grupos com grande exposição na mídia tradicional, a chance desses artistas chegarem a um grande público era muito maior na internet, e o download cumpriu esse papel. Era quase uma questão de probabilidade, matemática mesmo. E funcionou. Até para grupos mais renomados, como foi o caso do Radiohead, essa técnica foi utilizada como estopim para alavancar seu novo álbum já fora de contrato com gravadoras. O usuário poderia fazer o download das músicas pagando qualquer valor, inclusive zero, se assim quisesse. Essa “venda” gerou uma receita bastante expressiva, mas claro que estamos falando de um grupo que já havia construído um nome sólido antes.
Porém a expansão do streaming bagunçou o próprio mundo digital, e hoje baixar músicas e lotar os HDs passa a fazer menos sentido, assim como comprar CDs. É uma questão de convergência, as novas e velhas mídias não desaparecem, se somam e coexistem muitas vezes de forma conflituosa no mercado. O fato é que elas não substituem mais o seu antecessor completamente, como ocorreu na transição entre o 78RPM e o LP e entre este e o CD, tornando o cenário atual bastante complexo.
Resta aos produtores de conteúdo musical analisarem o mercado, o seu público e fazer as escolhas caso exista esse conflito entre as mídias e suportes. Se segura, pra fazer a cabeça tem hora e cada um deve saber a sua, só não pode perder o bonde se não a malandragem não vai dar um tempo, e vai acender de qualquer jeito.