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#ColunadoChacal: Peixefante – Sonoramente aplicando forças ao espirito


A primeira lei da inércia que Isaac Newton declara no livro "Filosofias da Natureza e Princípios da Matemática" diz que um corpo em repouso tende a permanecer em repouso. Paradoxalmente, isso deu base para toda a física clássica, que move um mundo por locomotivas aéreas, cavalos de aço, mercado de trabalho, Wall Street e espaçonaves. Completando a lei de que os corpos em movimento tendem a manter o movimento. Tiremos uma pausa do estresse cientifico e criemos empatia com a natureza: "Todas as coisas ficam em repouso/Pobre do homem que ficou para trás". Parabéns ao Peixefante, que teve maior compreensão à tensão moderna e maior sintonia para apaziguá-la.

Vindo das fendas profundas e misteriosas da capital do Centro-Oeste brasileiro, Peixefante troca olhares e acordes com baião, música erudita, southrock e música ambiente. Mandando lembranças ao prog brasileiro, ao mesmo tempo que recorda o pop conterrâneo dos anos 80, entretanto, sem a mastigação comercial, torna-se uma banda psicodélica genuína ao mesmo tempo que autêntica.

Seu segundo disco lançado no recente ano de 2017, traz o nome homônimo e as características que afirmam a banda, que opta por caminhos sensoriais ao invés de virtuosidade exagerada. Avesso aos extensos e abstratos solos de guitarra ou pulsações indeterminadas dos músicos, é tomado lados que diferem de orquestras ressoantes aos efeitos de um ácido falsificado. Seguem por arranjos bem trabalhados em sutileza despercebida em primeira audição, porém no inconsciente apreciada lisergicamente por sua originalidades de influência de erudição barroca e romântica. Dando expressividade aos vocais organizados que tornam-se uma respiração folk na música que remete a banda americana Fleet Foxes.

Eis que esse elephantidae aquático dá formação psicotrópica ao som, semelhante como Aldous Huxley tentou definir a experiência psicodélica: alcançar profundidade e clareza além da essência cotidiana. Similaridade aos rituais místicos do Oriente, alterar o estado de consciência foi apropriado pelas artes desde que os simbolistas levaram auroras de ouro ao esplendor do sangue, até a onda de mescalina surtir efeito em Carlos Castañeda (autor de "A Erva do Diabo"). Peixefante é proporcional ao seus efeitos, faltando atentar para causa de uma forte onda bater, o alucinógeno original ser apenas o amor de seus preponentes pela música.

Variada em letras que conduzem viagens de auto descobrimento ou melancolias meditativas. Peixefante estreia o disco nos tempos de delicadeza que antecipa desastres. Salvo a eles, que trazem repouso reflexivo e animações cineticamente festivas para tranquilizar quem anda se perguntando se os sonhos acabaram. Tome uma respiração das ondas gigantes, quebre-as ouvindo novamente.

Agradecimentos a Vinicius Pitanga pela indicação

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