Entrevista: Banda Lupa
Ah, Brasília! Quando estive por lá, além de beber bastante e achar engraçado ter uma cidade toda feita de prédios no meio de uma planície imensa, acabei conhecendo o pessoal da Lupa (entre outras aventuras e desventuras em série, veja mais aqui).
Já realizamos uma entrevista com os dito cujos antes (here),mas, de lá pra cá, a banda cresceu, lançou CD, clipe que está estourando e estão cheias de novidades! Saca só essa entrevista linda!
Olá, meus queridos! Então, poderiam se apresentar para os leitores da Muito Além do Microfone? Já fizemos isso na outra entrevista, mas não custa nada! Bom dia, teus coisa linda! Nós somos a Lupa. Somos uma banda de Brasilia e estamos juntos há 4 anos. Lupa é amor, é rock alternativo, é sexo sem tabu, é paixão, euforia e intensidade. Nós somos proximidade, somos intimidade. Queremos sempre contato direto e, acima de tudo verdadeiro.
Nós somos pessoas extremamente comunicativas e expansivas. A gente tem uma necessidade constante de estar em proximidade com as pessoas e falar sobre as coisas que a gente acredita. Isso é uma coisa que vem naturalmente pra gente e que nós amamos e nossa música é o melhor jeito que temos pra botar isso pra fora. Mês passado lançamos nosso primeiro CD, o Lupercália, que foi financiado inteiramente pelos nossos fãs e agora estamos começando a rodar o país pra espalhar amor e os xeros que a gente vem prometendo nesses últimos anos pros nossos fãs de outros estados. A banda organizou o evento Lupercália em Maio, em Brasília. Poderiam comentar de onde surgiu a ideia, qual era a proposta do evento e como tudo rolou? Fazer o Lupercália sempre foi um dos maiores sonhos da Lupa. Decidimos criar o Festival para podermos realizar nossos eventos sem as amarras e exigências que as casas geralmente impõem às bandas. Temos acesso a tudo que é necessário para montarmos eventos infinitamente mais interessantes do que essas casas, então por que não o fazer?
A Lupercália é sobre liberdade e euforia. É isso que move nossa geração. Uma nova cena de bandas exige uma nova forma de se apresentar e de se relacionar com seu público.
Ainda existem muitos espaços fechados para bandas autorais em brasilia, principalmente em relação à casas mais tradicionais da cidade. Mas isso acontece pois existe ainda uma grande preocupação dos organizadores de eventos com relação ao público. Muitos ainda acham que bandas independentes não têm capacidade de encher uma casa e de fazer dinheiro circular.
O desafio de toda banda autoral é exatamente esse: mostrar que eles estão errados. E isso vem acontecendo nesses últimos anos. Por onde passamos, lotamos casas. O público que se consolidou em volta da gente e de outras bandas de brasilia é simplesmente incrível e tem uma força de mobilização absurda.
Mais interessante que isso, é que, se as casas não se abrem pras novas bandas, as próprias bandas criam novos meios para divulgar suas musicas e realizar eventos. Festivais, festas e intervenções urbanas pipocam todo fim de semana. Sempre lotados de gente bonita, interessante e extremamente apaixonada e envolvida com o que é produzido aqui. É uma comunidade linda, uma movimentação sem precedentes que, em minha opinião, dá um banho nos programas tradicionais das casas de shows de Brasilia. Ano passado fizemos a primeira edição da Lupercália e foi um sucesso. Ingressos esgotados na véspera do evento e um público maravilhoso que até hoje nos gritava desesperado por uma segunda edição. A gente ouviu. Dia 21 de maio fizemos o Festival Lupercalia pra comemorar o lançamento do nosso CD. Foram 700 ingressos vendidos, 700 corações ensandecidos gritando toda e cada palavra de nossas músicas. Não dava pra ter sido melhor. A ligação que nós temos com nosso público é única e a cada show isso fica mais evidente. Agora já estamos ansiosos pra próxima. Temos a intenção de expandir o festival e fazer outras edições inclusive fora de Brasília. É um evento que já está consolidado e com a presença de patrocinadores de peso, que dão pra gente a segurança de podermos fazer edições cada vez maiores.
O CD de vocês, que tem o mesmo nome do evento, foi feito através de crowndfounding. Poderiam aconselhar as bandas que pretendem fazer utilizar essa possibilidade para fazer seus materiais? Quais as dificuldades, onde investir... O crowdfunding foi uma experiência incrível e extremamente simbólica pra gente. Batemos a meta inicial em mais de 150%! E isso representa, no final das contas, que as pessoas realmente acreditam e torcem pela gente e isso dá pra todo mundo da banda uma confiança enorme de continuar insistindo no inseguro e caminhando por rotas sempre surpreendentes.
O financiamento coletivo é uma ferramenta maravilhosa à disposição de toda banda e é um momento maravilhoso pra se criar uma ligação especial com seus maiores fãs. É aqui que você vai conhecer as pessoas que mais acreditam no seu projeto. É essa também a hora de fidelizar uma galera que ainda não conhecia vocês. O crowdfunding é uma janela de exposição e a melhor forma de fazer isso é sendo autêntico. Não existem formulas prontas pra garantir uma campanha de sucesso. O que realmente importa é você transparecer verdade e entregar aos apoiadores coisas que eles valorizem. Experiências, coisas únicas e exclusivas. É isso que realmente conta. Invistam em planejamento. Invistam em ideias. Invistam em vocês.
Como tem sido a recepção do disco? O "filho" nasceu exatamente como a banda imaginava? Não dava pra estar sendo melhor. Estamos assustados com como essa criança foi acolhida por todo mundo. Estamos com shows sempre lotados, esgotamos a venda das primeiras 500 cópias do álbum físico, no Spotify contamos com mais de 11.000 ouvintes mensais e nosso canal do Youtube já ultrapassou as 40.000 visualizações. Pra nossa felicidade, a gente vem tendo uma resposta incrível da imprensa e isso tá dando espaço pra nós podermos falar sobre coisas que a gente realmente acredita. Isso não tem preço.
Além disso, nosso clipe tá começando a ser veiculado nos canais de TV e nossas músicas estão tocando nas rádios de Brasília, de São Paulo, da Bahia e até do Maranhão.
O clipe de "Justo Eu" tem chamado bastante atenção. Afinal, né, falar de sexo é sempre bom! Quem pensou no clipe? Tiveram ideias relacionadas à sexo que não foram incluídas no clipe? O Múcio teve a idéia do clipe durante uma aula e ligou desesperado pra gente pra contar a idéia. Todo mundo amou o conceito e então já começamos a correria pra produzir. A idéia era falar sobre masturbação da maneira mais lúdica o possível. Não queríamos nada intenso, nada explícito. Pelo contrário, queríamos uma coisa extremamente clean, que passasse mais um sentimento de ingenuidade, de descoberta e exploração do que de erotismo. Levamos a idéia pros nossos queridos da Toranja Filmes (João Caffarelli, Saulo Santos e Fabrício Timm), que ficaram responsáveis pela direção e gravação e então o Saulo, amigo do Múcio de longa data, sugeriu que fizéssemos todo o clipe usando metáforas. De imediato topamos. Quando começamos a fazer uma listona com todas as metáforas possíveis e imaginárias pra isso, nós percebemos que simplesmente não existem metáforas pra masturbação feminina! Por que não existem? Por que não se fala sobre isso! Por que não se considera, ainda hoje, aceitável que mulheres se masturbem. Como isso não faz parte das conversas cotidianas, não se deu tempo ou oportunidade para que as pessoas criassem metáforas pra falar disso. Assim que nós percebemos isso, pensamos. Pô, se não existem, bora fazer existir. Montamos então um grupo com várias amigas nossas só pra inventarmos metáforas exclusivas pra masturbação femina. O resultado foi uma lista de mais de 100 expressões que fizeram a gente rolar de rir durante a noite inteira. Nesse fim de semana agora vamos gravar um video contanto algumas histórias absurdas sobre os dias de gravação do clipe.
Quais os próximos planos da banda? Pretendem vir pro Rio quando? Temos que marcar outra pizza! Agora é hora da gente finalmente ir conhecer de perto quem acompanha a gente. Nossa agenda de shows está linda, estamos fechando presença em vários festivais e vamos poder passar por várias cidades pra levar ao máximo de pessoas nossa palavra e finalmente distribuir os xeros que a gente vem prometendo. O rio já está na nossa agenda do segundo semestre, mas ainda não podemos divulgar a data! Estamos doidos pra ir pra aí e estamos LOUCOS pra tomar outra torre de chopp com uma pizza (: