Resenha: Oriente - Yin-Yang
O tão esperado disco do grupo de Rap de Niterói – RJ, ‘Yin-Yang”, finalmente foi lançado após vários clipes de certas faixas serem lançados previamente.
Primeiramente, temos a faixa que abre o álbum chamada “R.A.P.” que se inicia com um riff de guitarra bem no estilo Rage Against The Machine, além do uso de scratches e samples de voz de alguns clássicos do RAP Nacional. As linhas de baixo e guitarra junto com os samples continuam por toda a música e essa faixa se torna umas das que estão ali exatamente para mostrar a versatilidade dos instrumentais do álbum.
A já conhecida “Isso É Rap” conta com um ótimo beat e a letra busca homenagear vários amigos da cena e inclusive tem uma mensagem sobre desregionalizar o Rap, visto que o enfoque midiático se dá cada vez mais nas cenas RJ – Spapenas. A faixa a meu ver tem todo um protagonismo do Chino, deixando o Nissin com poucos versos. Apesar de tudo, essa track tem estrofes interessantes em que os MC’s, de certa forma, “duelam” no flow intercalando os versos entre si.
“Refém” foi uma faixa que a meu ver obteve toda uma influência da gringa, e a letra apresenta todo o teor da chamada “música de gastação”. Um som pra quebrar a seriedade do álbum, com um teor cômico, típica música sobre festas e bedbedeiras.
“Essa Eu Fiz Por Você” inaugura uma sequência de lovesong’s, e o beat, a atmosfera tem todo uma specto EDM, R&B, com uma influência direta da gringa. Por um bom tempo, essa faixa se distancia nos versos, de qualquer coisa que se tenha como Rap, porém, é uma lovesong bem original e com vozes apenas de Chino.
“Sutil Diferença” segue com a rotina de lovesong’s, porém, ao contrário da antecessora “Essa Eu Fiz Pra Você”, esta apresenta uma atmosfera mais altiva e, contraposto a lovesong de Chino, agora falamos de uma música solo do Nissin. Talvez seja para dar o aspecto yin-yang, idéia em que se levou o conceito do álbum.
“A Mochila” tem toda uma atmosfera motivacional e se você chegou a essa altura do álbum e conhece uma das músicas já lançadas do álbum sob formato de clipe já deve ter percebido o quão presente são os violões e guitarras com clean nesse álbum.
“Fugir Com O Sol” é mais uma lovesong que se segue, e mais tarde, farei uma crítica a forma em que estão inseridas as lovesong’s nesse álbum. Enfim, ta, mais um som de amor, e, ao mesmo tempo, mais uma faixa com guitarra no beat. Essa música tem um aspecto bem comercial, digno de playlist do Multishow mesmo. O que essa música tem de muito bom é o seu refrão bem alegre. Um ser ótimo para ser discotecado em festas com piscinas, na praia e afins.
E logo segue “Linda, Louca e Mimada”, música já conhecida demais pelos que acompanham o grupo e por aqueles que não acompanham, inclusive. Os vocais da garota que no momento me foge o nome (caso que será explicado em forma de análise mais adiante) são divinos. A faixa é toda conduzida por Chino nos versos.
“Vagabundo é foda” volta com as pedradas do álbum e inicia a sequência dos feats. Presentes no álbum com o rapper gringo Self-Provoked e o conhecido Pedro Qualy do Haikaiss. Como foi uma faixa lançada bem antes do álbum, acredito que foi bem pensada na atmosfera do “Desorientado” ainda, com seu beat com preenchido com música oriental, que é um elemento consagrado do grupo.
E a pedrada com “Oriente-se”, a faixa que conta com um feat. Do paulista Criolo que canta de uma forma magnífica no refrão e realiza uma performance de levantar multidões ao gritar “Oriente-se!”. O beat conta com samples de música árabe, mais uma vez conferindo a versatilidade do álbum.
E as guitarras distorcidas voltam em “Nós Vamos Morrer Pela Nossa Ousadia” que possui uma atmosfera mais densa e tensa e se nota muitos elementos de EDM na música. Eu particularmente acho um dos melhores instrumentais do álbum.
E logo chega a faixa-título, que pra versatilizar ainda mais, apresenta elementos sinfônicos. Por outro lado, a letra é mais crua e direta, com foco no refrão.
“Roda Gigante” vem com o feat. Insuitado de Zeca Baleiro que incia a música com sua voz que casou muito bem com os arranjos e rouba a cena deixando a música com cara de Zeca Baleiro feat. Oriente e não o oposto. Chino aproveita da técnica de flipadas ao fazer seu flow.
Em “1001 Mulheres” os violões marcam presença de novo e Chino inicia falando de suas experiências pessoais com as mulheres, inckuindo mãe e irmãs na história, de uma forma bem afetiva, com um discurso bem pró-feminista, e os arranjos vão se enriquecendo com os instrumentos de cordas friccionadas e de sopro que entram junto com o violão.
E pra encerrar a versatilidade do álbum, com o feat. de Daniel Profeta, essa faixa de trata de mais um flerte do Oriente com o reggae, estilo do músico que canta em participação com o grupo. A letra aborda questões como materialismo, preconceito, agruras do capitalismo e diversos outros problemas sociais.
Num apanhado geral tenho as minhas críticas em relação concepção e a promoção do álbum. Um erro que foi que ao ser postado no Youtube, não foram colocados os créditos dos músicos envolvidos nos arranjos como os instrumentistas e vocais adicionais, não permitindo que possamos fazer nossos a elogio sobre a parte instrumental que pra mim é o cartão de visitas do álbum da forma como esses músicos merecem.
Outro ponto que critico foram as lovesong’s que vieram seguidas na ordem da tracklist do álbum, mas pode ser que seja para dar o efeito Yin-Yang do álbum.
Percebi um protagonismo maior de Chino liricamente, apesar de Nissin iniciar algumas músicas e ter seus momentos solo, me parece que Chino tomou mais as rédeas no processo de composição do álbum.
Apesar desses poucos pontos levantados, que não são essencialmente ruins, recomendo o álbum e colocaria como um dos grandes lançamentos nacionais de 2017 fácil.