Entrevista: Thársila di Britto
Rafael Cabral: Então, Thársila, primeiro a pergunta que não quer calar: quando sai o cd?
Thársila: Então, eu espero que saia esse ano ainda. A gente tá correndo atrás pra que lance esse ano ainda, antes do final de agosto ou setembro, por aí. A gente já tá começando a fazer as prés.
Rafael Cabral: Você tem uma vibe mega calminha, as duas ou três músicas que tem suas no Youtube são bem cleans e ‘Gosto’ já tá no spotify, que entrou pelo garimpo do Brasileiríssimos. Queria que você falasse um pouco dessa entrada pelo Garimpo, como foi, como eles te avisaram que você estaria nesse garimpo da coletânea da nova MPB, o que você sentiu, como foi isso?
Thársilla: Foi bem maneiro. Eu, na verdade, conheci através do Miguez, do Rodrigo Miguez, a gente faz parte de um coletivo, o Coletivo MIRA, você já deve saber, né!? E aí, através do Miguez, teve esse contato com o Marcos que é o nosso assessor. Ele começou a fazer a nossa assessoria e tem contato com a galera do Garimpo. E aí ele me convidou pra participar.
O Garimpo era justamente essa ideia de garimpar, de procurar artistas que não tem ainda nenhuma carreira, que estão começando a gravar algo do zero. Eles garimparam essas pessoas pra fazer uma coletânea, um cd, com uma música de cada artista, seria essa a ideia. Ele me convidou e perguntou o que eu achava, só que eu teria que às pressas gravar uma música, porque não tinha nenhuma música gravada. Aí a gente decidiu que seria ‘Gosto’ e gravou às pressas no estúdio MIRA. O resultado foi incrível, foi com o Rafa Quintanilha, que tocou guitarra pra mim. Ele é um grande parceiro meu que trabalha comigo na área do teatro, fazendo a parte musical das peças e como já tinha essa parceria ele gravou a guitarra.
Rafael Cabral: Aparentemente a sua vibe é muito calminha e bem amorzinho, você tem uma voz muito suave, ‘Gosto’ tem esse lance bem intimista e ‘A Valsa’ também. No estúdio, na hora de gravar à vera, dentro das diversas possibilidades, o Coletivo MIRA tem muitos músicos bons, uma galera muito boa realmente, então, assim, o que tá surgindo nessa pré-produção que você não esperava de novidades, de novas influências…?
Thársilla: Bom, de novidade eu acho que é muito o amadurecimento também de mim enquanto compositora. Nessas primeiras músicas, como você falou, ‘Valsa’ e ‘Gosto’, ‘Valsa foi a primeira música que eu fiz, era eu me familiarizando com o ukulele, eu tava aprendendo a tocar. Em ‘Gosto’ foi eu com o ukulele também criando uma melodia. Eu tenho um blog que se chama ‘Coisas de Tharsilla’, se você quiser você pode procurar que vai achar lá várias coisas que eu escrevi há muitos anos atrás. ‘Gosto’ era um poema que eu já tinha feito há muito tempo atrás e vi que se encaixava muito bem nessa melodia, mas eu empaquei e ela ficou na gaveta, parada. E aí o meu amigo VITOR, que é pianista, ouviu a música e falou que queria terminar. Ele terminou ‘Gosto’ e aí ficou essa coisa bem dinâmica. Sobre surpresas pro EP, não acredito que vá ter muitas coisas mais mirabolantes. A princípio, como eu quero gravar alguma coisa pra mostrar pro mundo o meu trabalho, vou gravar um EP curto. Tô pensando ainda se vão ser 4 ou 5 músicas, vai ser um EP bem curtinho. Vou botar as músicas que a galera já conhece e que conversam entre si, que são mais lentinhas e que tem essa vibe. A gente ta pensando numa estrutura de ‘Gosto’ um pouco diferente, já que já temos uma gravação dela. O que posso dizer é que ela vai estar um pouco mais dinâmica, mais animadinha.
Rafael Cabral: Na produção do CD: Miguez e Zeca?
Thársilla: É, a produção dos arranjos é o Zeca e a parte fonográfica é o Miguez.
Rafael Cabral: Na sua área, na parte da MPB, a cena aqui no Rio corre bem diferente da cena do Rock. A cena do Rock acaba sendo, as vezes, mais movimentada por ter mais bandas, enquanto a sua, mesmo sendo mais intimista, tem aquele público ali que tá sempre lá presente. De dois anos pra cá, em que o pessoal tem ganhado mais visibilidade, onde o Pedro Gama ta começando a ficar mais conhecido, Lisbela que fica no meio também, você, Miguez, Victor Mus… o que você acha que ta mudando nessa cena com o aparecimento e com a visibilidade maior desses artistas?
Thársilla: Eu acho que o que ta ajudando a mudar, se for pensar assim, é também que os artistas tão trabalhando muito juntos, tão muito unidos. Por exemplo, nós temos o coletivo MIRA, mas na real é algo muito maior, porque o coletivo mira é um câmbio. Todo mundo vai se ajudando, todo mundo se produz e todo mundo produz o evento pra tocar. A gente acaba sendo não só artista, mas acaba sendo também produtor de eventos: a gente produz evento, divulga, faz foto, vídeo, tudo e isso começa a tomar outra proporção. Talvez o fato da gente botar a mão na massa, ser curioso e querer aprender um pouco de tudo, ajude a gente a conseguir uma visibilidade maior.
Rafael Cabral: Se abrir o seu celular agora, Spotify, Deezer, Google Play, o que vai estar tocando?
Thársilla: Vai tocar Carol Naine, que é uma cantora de São Paulo que eu conheci quando fotografei um show que ela fez aqui no Rio. Eu já conhecia o som dela porque ela tinha feito um show com o Caio Nunes, Leo também e ela me influencia muito, tenho uma admiração muito grande por ela pela forma como ela compõe, é muito incrível, umas letras muito críticas. Outra coisa que vai ter são os meus amigos que eu escuto bastante, tenho escutado também o novo álbum do Paramore. Eu sou muito de fases e eu tô sempre escutando música. Eu trabalho no financeiro e fico o tempo inteiro com o fone no ouvido trabalhando no escritório. Tem também o novo cd do Criolo, Victor Mus, Lagoon, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Strokes, Céu, Tulipa Ruiz...
Rafael Cabral: Céu é um som bem similar até com o seu, em relação ao estilo de cantar, de aplicar as notas.
Thársilla: Pode ser, porque eu escuto muito. Outra coisa que eu escuto muito é Tulipa Ruiz, e tem uma música que é nova, mas que não vai entrar no EP, porque não tem a vibe do EP. Pede banda, coisas mirabolantes e sopro, e esse single que é fiz é bem Tulipa Ruiz. Eu vou me influenciando muito com o que tô ouvindo na hora.
Rafael Cabral: Talvez até o final desse ano a gente já esteja com a resenha do cd da Thársilla no Muito Além! Thársilla, muito obrigado, boa sorte!
Thársilla: Eu que agradeço!