#MADTec: Microfones
Modelo da imagem: Shure SM58
E aí galera, tudo bem? Hoje estamos estreando uma coluna nova aqui na Muito Além do Microfone, uma coluna técnica. E o assunto de estreia não poderia ser outro: Microfones.
O microfone é um transdutor que converte o som em sinais elétricos.
Foi no dia 4 de março de 1877, que o alemão Emile Berninder
criou o primeiro microfone da história. Porém, o primeiro dispositivo
utilizável foi criado simultaneamente por Alexander Graham Bell.
Acho que não precisa eu explicar a importância que esse aparelho tem,
não é mesmo?
Você sabe que existem diferentes tipos de microfones,certo? Não vai dizer que só estava se lembrando dos condensadores e dinâmicos?
Ao total além dos já citados (ou junto a eles), temos também os microfones de fita, lapelas, shotgun, USB, headsets, kits wireless, etc. Você pode até achar que já sabe
tudo sobre o assunto, mas mesmo assim aconselho a ler essa matéria até o final, Img. do alemão Emile Berninder
e se achar que me esqueci de comentar algo importante, será um prazer
ter você colaborando com a coluna. Aliás, todas as colunas escritas por mim, Charles Seguins, estão abertas a ser colaborativas, basta enviar-nos um e-mail (muitoalemdomicrofone@gmail.com). Eu escrevo pra e com você, caro leitor.
Bom, se você nunca ouviu falar nada sobre o assunto, então hoje após ler a essa coluna, sairá da frente desse texto com alguma visão sobre o assunto, e com um pouco mais de conhecimento (aliás, conhecimento nunca é demais). E pra deixar tudo mais explicadinho possível, antes de tudo vou dar uma breve explicação sobre suas direções e polaridades.
Microfones direcionais Tem como característica principal captar o som vindo de uma única direção.
Microfones cardióides São chamados assim porque sua curva de resposta tem a forma de um coração. Este tipo de microfone responde melhor aos sons vindos da frente. Os sons das laterais são captados com pouca intensidade e a 180º a sensibilidade é ainda mais baixa. Seu uso é indicado para lugares de muito barulho ou para evitar a reverberação em ambientes fechados. Microfones supercardióides Apresentam características parecidas com os cardióides mas com maior sensibilidade aos sons vindos da frente, captando um pouco mais os vindos de trás. Muda um pouco a angulação de captação. O ângulo de maior rejeição ocorre em 126º. Microfones hipercardióides Microfones superdirecionais, altamente sensíveis aos sons frontais, com uma sensibilidade menor do que os anteriores aos sons vindos da parte de trás. Deve ser apontado com precisão para não pegar sons indesejáveis. Não devem ser utilizados em interiores ou exteriores com paredes refletoras. Em ambientes reverberantes originam perdas de definição graves e colorações indesejáveis nas vozes. Conhecidos também como shotgun, captam o som de longas distâncias, permitindo enquadramentos de câmera mais abertos.
Microfones ultradirecionais
Digamos que seja um hipercardióide avançado, um shotgun com uma direcionalidade ainda mais abrangente e de ultra longo alcance.
Microfones bidirecionais São os que captam o som de duas direções opostas, na frente e atrás. São muito usados em estúdios de áudio. Também conhecidos como “figura 8” devido ao formato de captação ser igual ao número 8. Microfones omnidirecionais Captam o som de todas as direções. Muito sensíveis, necessitam estar muito próximo da fonte sonora para não pegar sons indesejáveis. São indicados para a captação de festas, orquestras, quando se usa um só microfone. Esse formato de captação é geralmente encontrado em microfones de lapela.
Vamos falar um pouco de modelos e tipos. Começarei falando do microfone de lapela:
Microfone de lapela é como se fosse um pequeno adaptador por assim dizer, mas é um microfone bem pequeno que é muito útil para diversos casos e geralmente usado para quem fala em público. Ele substitui um microfone com posição estática. O pequeno microfone pode amplificar a voz e garantir uma comunicação de qualidade sem precisar de muitos recursos. Tem alcance poderoso e é bem discreto, podendo ser anexado a roupa. Vejamos que enquanto o microfone de lapela é conectado, o som é transmitido. Possui versões com fio e também sem fio, já infiltrados em algum aparelho ou não. Destaque para os “lapelinhas” sem fio que sempre podem tirar certa vantagem da tecnologia de ponta, tais como Bluetooth, trazendo conforto, agilidade entre outras vantagens como, por exemplo, “falar sem ser notado”. Será? Senti-me um detetive agora.
Como tudo nessa vida, é preciso respeito no caso dos microfones de lapela sem fio. É preciso respeitar o alcance, no caso daqueles já com fio, é obvio que o fio vai limitar o seu alcance (te fazer lembrar até onde pode ir, né?). Muitos se sentem mais confortáveis com o uso do microfone de lapela porque não precisam ficar prestando atenção se estão ou não falando diretamente no microfone, e às vezes até esquecem que possuem um microfone (isso é hilário). Você também pode usar esse tipo de microfone em diversos casos como, por exemplo, gravar o som de um violão (por que não?). Neste caso é preciso tomar muito cuidado com a sensibilidade dele, pois quanto mais próximo, mais ruído ele pode está pegando. Dependendo do volume pode haver cortes, mas vale lembrar que sua nitidez, se usado da forma correta, pode ser muito bem aproveitado.
Os microfones de lapela sem fio vêm com um receptor e um transmissor. O melhor lugar para colocar o microfone é ao redor da área entre o tórax e a garganta (10 a 15 cm de distância da boca). Se o colocar acima disso ou deixar o microfone escondido por debaixo da roupa, você vai ter um som abafado e sem clareza. Se colocar muito baixo você terá que editar os níveis no seu gravador de áudio que vai captar mais ruído ambiente. O transmissor e o receptor devem ter frequências correspondentes, uma vez que se comunicam sem fios.
Bom, como tudo na vida tem um preço, para se ter uma lapelinha você tem as duas opções: com fio ou sem fio. Com fio você pode desembolsar aí em torno de 80 a 400 reais (qualidade média), já sem fio variando de 1.000 a 2.000 reais (qualidade média). Minhas dicas são: Modelo da imagem.: Audio Technica ATR 3350is
AudioTechnica ATR 3350is e Sennheiser ME 2-II.
Ótimos modelos de microfones, muito bom para youtubers, por exemplo. Vamos supor que você esteja numa pindaíba danada (sem dinheiro nem pra pagar aquele cigarro desgraçado que você compra pra ficar se matando), é possível que você faça o seu próprio microfone de lapela com um fone de ouvido normal (desses que você utiliza no celular pra ouvir música).
Microfones dinâmicos
São aqueles que parecem um sorvete. Claro que nem sempre foi nesse modelo, como em qualquer coisa, sofreu mudanças conforme necessidades tecnológicas. Você sabia que o microfone dinâmico tem esse formato por causa da televisão? Eu não vou entrar tanto nesse assunto, mas antes da tv, já tinha o rádio e o microfone podia ser maior sem nenhum problema. Com a chegada da TV, ficava muito estranho um microfone com o formato que se tinha na época. A partir daí veio as mudanças.
Podemos dizer que o dinâmico é o tipo de microfone ideal para se usar em palcos de apresentações devido a ele ser mais forte e aguentar o tranco (é microfone ou é saco de boxe???). Não possui tanta precisão e clareza como num condensador porém tem um maior equilíbrio de “dinâmica” em seus níveis de amplitude.
Podemos dizer que sua resposta de frequência é baixa (capta pouco grave e pouco agudo), tem baixa sensibilidade (capta o que está na frente, eliminando muito o som do ambiente) e alto SPL (Sound Pressure Level – ele suporta uma pressão sonora maior).
Muito usado tanto pra voz como pra microfonações (geralmente mais pesadas, como gravar um bumbo por exemplo)
Shure SM57 e o Shure SM58 são os mais famosos modelos de microfones dinâmicos.
Shure SM58 é um dos microfones mais famosos do mundo
Vejamos agora os microfones condensadores (condensers):
São os microfones “sensíveis”. Bem mais frágeis do que um dinâmico, em todos os aspectos, pois se falarmos de sua parte interna, no dinâmico temos uma bobina de absorção que quando o som atinge o diafragma, ele faz a bobina vibrar em relação ao imã que existe dentro (na cápsula) do microfone, enquanto no condensador o que se tem é uma placa que fica próxima ao diafragma da capsula e que recebe uma carga elétrica vinda direto da mesa de som (ou preamp).
Possui resposta de frequência ampla (praticamente todas possíveis), alta sensibilidade (capta tudo em volta) SPL variável (alguns modelos tem baixo e outros alto mas na grande maioria ele suporta pouca pressão sonora) e necessita de Phanton Power (alimentação fantasma).
Praticamente todas as mesas de som, e placas de som externas tem um botão escrito +48, que é justamente o Phantom Power. Sem ligar o phanton Power não tem como utilizar um condensador.
Em termos de utilização, não existe regras quanto a isso, mas vai de acordo com a necessidade e pode ser baseado no tamanho de seu diafragma (pequeno, médio ou grande), que quanto maior for, maior será a captação ambiente, porém é preciso não se deixar enganar quanto a isso, pois os condensadores de diafragma menor aguentam pressões sonoras elevadas e entregam um alcance de frequências mais amplo. Fica difícil recomendar um ou dois condensadores, mas irei deixar uma sugestão pra um caso, por exemplo, gravação de voz em estúdio. A custo beneficio vou indicar o MLX 990 que vem com pré-amplificador FET.
Microfone de fita (ribbon) Modelo da imagem: MXL 990
Um pouco fora de moda, já que sua maior popularidade foi nos anos 50,60, por aí, geralmente usado em emissoras de rádio. Muitos produtores o utilizam para conseguir um som mais vintage. Seu princípio é igual ao dinâmico, porém no lugar da bobina móvel, em seu diafragma possui uma fina fita de metal, que não capta apenas a movimentação do ar (causada pela fonte sonora) mas também a velocidade com que o ar se movimenta. Ele possui uma alta sensitividade a agudos e seu padrão de captação é sempre bi-direcional.
Shotgun
É um microfone direcional. O shotgun é tipo um suporte em forma de uma pistola com uma suspensão que evita e amortece os movimentos bruscos durante a operação do áudio de uma filmagem e que é
usado geralmente em reportagens porém pode ser usado em diversas ocasiões (como já disse, não existem regras).
Precisa ser alimentado com uma pilha que funciona como um phanton power, conectado na entrada da câmera e colocado sob um tripé direcionando- o apontado exatamente pro local desejado.
Modelo da imagem: Rode NTG-2
Microfone usb
São os microfones com entrada usb, como o nome diz. Não tem muito o que se falar, nem é muito recomendado para grandes tarefas, mas se for usado em tarefas básicas é uma boa opção. Existem até os modelos que são com entrada dupla, ou seja, possuem entrada xlr e usb (funcionando tanto ao vivo como em estúdio).
Microfones headsets x earsets
São microfones com suporte usado na cabeça dando envolto a região da boca. Geralmente, os microfones headsets são cardioides ou supercardioides e os earsets são omnidirecionais. Os seus usos geralmente ficam adaptados da seguinte forma: Headset para locais com ruídos e outros sons, e earset para uma melhor definição em local menos poluído sonoramente. Os dois tipos são usados sem fio, porém também pode se usar com fio, porém não faria sentido, devido a ideia ser a praticidade e mobilidade.
Microfone sem fio (kits wireless)
Os microfones sem fios são como pequenas estações de rádios em condensadores ou dinâmicos. Ele pode ser de uma ou de duas peças. No de uma peça, o microfone, a bateria, o transmissor e a antena estão no mesmo corpo. No de duas peças, o microfone é conectado a uma unidade de transmissão separada. A unidade do microfone (que pode ser do tipo dinâmico ou condensador), como já sabemos, converte as ondas de som em um sinal elétrico. O sinal é enviado para um transmissor de baixa potência que o encaminha a um receptor que, por sua vez, converte o sinal de rádio-frequência novamente em áudio. A saída do receptor é conectada na entrada de um mixer ou gravador, através de cabos.
É muito importante saber a frequência a ser utilizada, para que não haja interferências, então saca a explicação: Podem transmitir nas frequências VHF ou UHF, sendo que as frequências VHF estão entre os 30 MHz e os 300MHz, e a UHF está entre as frequências de 300 MHz e 3 GHz e é a banda utilizada pelos celulares. Os microfones sem fio VHF são tipicamente aqueles que tem uma frequência fixa, não podendo variar mesmo se encontrar interferências. Pra deixar ainda mais claro, fica o resumo: Microfones com frequência VHF são aqueles que operam numa faixa de frequência menor, podendo ocorrer interferências mais facilmente, e aqueles com frequencia UHF, são os que vão operar numa faixa de frequência maior, evitando maiores interferências. De todo modo vale ter atenção no ato de compra de um desses aparelhos, devido variar bastante de acordo com o produto e faixa. É possível o seu mic se tornar um rádio transmissor dependendo da faixa que você estiver operando, e acredito que não seja essa a intenção, então tenha muita atenção!
A maior vantagem do microfone sem fio é a liberdade de movimentação, assim como qualquer aparelho sem fio, essa é uma boa vantagem. Ele pode ser do tipo de mão, ou também do tipo que se pode prender na roupa.
Então é isso! Depois de toda essa explicação, acredito que não tenha ficado nenhuma dúvida. E pra reforçar, deixei a seguir um vídeo da Shure que também explica o assunto. Caso ainda permaneça alguma dúvida, entre em contato e esclareça diretamente comigo!
Gostou da matéria? Dê um feedback, isso é muito importante para nós redatores!
Se preferir, entre em contato via e-mail: muitoalemdomicrofone@gmail.com