Entrevista: Condessa Safira
Nesse final de semana terá um evento não apenas importante e incrível! A história feliz que teve um fim trágico ganha um novo final no dia 3 de dezembro. A banda Condessa Safira, que fez a cabeça de uma galera, volta pra um único show do lançamento do seu tão esperado disco.
A gente trocou uma ideia com eles e vocês podem conferir agora.
1) Em qual estágio estava o disco e como foi continuar ele?
As composições estavam bem adiantadas, letra e música. Estávamos ensaiando e já havíamos feito uma gravação de ensaio para trabalharmos as músicas para o disco. Quando o Breno se foi entramos num hiato e não sabíamos como nem SE iríamos seguir. Nossa decisão foi concluir o trabalho que já estava começado em respeito à memória do grande artista que o Breno foi e em memória da grande banda que tivemos juntos. Foi um trabalho difícil, e que durou vários anos. Mexemos em muitas partes das composições, criamos solos, concluímos linhas de vocal e acertamos detalhes em todos os instrumentos.
2) Quem vocês escolheram para substituir o Breno no baixo durante o resto das gravações?
Nosso amigo Rodrigo Palmieri (Cyber Jack, Liberta, Drosophila, Pousatigres, Shepherd's Pie) gravou a maioria dos baixos do álbum, e para a música Última Canção chamamos nosso amigo Tavinho (KiLLi). Além de os dois serem grandes amigos e terem vivido essa história de perto com a gente, são excelentes músicos. Não poderíamos ter escolhido melhor. Fica aqui nosso agradecimento aos dois!
3) Nesses oito anos de hiato como era a frequência de ensaios e reuniões?
Frequência zero. O processo todo foi tão doído e difícil que não conseguíamos seguir naturalmente. Hoje olhando para trás tenho a sensação de que a vontade era de que a coisa se resolvesse magicamente sozinha. Mas não é assim que funciona, né? Compor um álbum já é difícil em um contexto ideal, nesse foi extremamente complicado, e nenhum de nós sabia lidar. Conforme as músicas foram tomando corpo acho que nossa empolgação em concluir o trabalho foi crescendo, e os encontros foram menos espaçados. Não ensaiamos nenhuma vez nesse tempo – nos encontrávamos apenas para gravar.
4) O período de hiato de vocês foi grande, como as ideias e posições individuais sobre as músicas mudaram através desse tempo?
Júlia – Eu sinto que envelhecer me ajudou a compreender e digerir melhor as letras. Cantá-las compreendendo elas melhor foi algo que só o tempo mesmo poderia me dar. Se eu tivesse gravado elas há oito anos acho que não teria gostado tanto das vozes. Sinto também que me “libertei vocalmente” um pouco nesse tempo. Brinco mais com a minha voz, me permito errar, me permito tentar uma nota que não vou alcançar, me permito fazer feio. Eu era bem mais presa naquela época.
Bruna – Como a Júlia disse, sinto que o tempo fez bem pro resultado final. Apesar de ter deixado a guitarra de lado desde que paramos de tocar juntos, sinto que amadureci a forma de me relacionar com ela. Fácil não foi e não está sendo, afinal foram vários anos sem viver de fato a Bruna guitarrista. Mas agora ela voltou, mandou um "Oi, sumida!" e estamos nos dando bem.
Zé – Como as meninas disseram, o amadurecimento, como músicos e seres humanos mesmo, fez toda a diferença. Nesse meio tempo continuei tocando rock mas por outras praias e revisitar o som da Condessa é nostálgico e ao mesmo tempo novo.
5) Se reunir pra fazer um show é incrível, especialmente pra lançar um álbum que era muito esperado, como tá a cabeça e a ansiedade de cada um?
Júlia – Eu tô ansiosa, com frio na barriga e sem saber muito o que esperar. Só sei que vai ser emocionante – em cima do palco e na plateia. Espero não errar muito as letras, RISOS.
Bruna – Confesso que tô bem curiosa pra saber como será tocar as músicas novas ao vivo, tocar de novo as músicas antigas (OLHA O SPOILEEEEER) e estar no palco mais uma vez como Condessa Safira.
Zé – A minha expectativa é que seja uma grande festa, com sorriso no rosto e celebração à música. Como o Brenão gostaria que fosse.
6) Se quando acabar o show ficar um gostinho de quero mais, como faz?
Acho que o gostinho que vamos sentir é de missão cumprida. ;)
7) A cena do rock nacional hoje é um pouco diferente da época que vocês estavam na ativa, como vocês olham essa cena hoje?
Tenho a sensação de que na época tínhamos mais opções de lugar para tocar. Sinto também de que a galera tinha mais pique para ir a shows. Hoje as (poucas) casas de show são muito boas, mas também são caras, o que dificulta bastante. Hoje temos muitas bandas nacionais excelentes, e da mesma maneira que tínhamos “bandas irmãs” naquela época, temos algumas cenas parecidas atualmente. Mas a impressão que tenho é que o famoso “conhecer alguém pra te colocar no circuito” tá cada vez mais difícil. Antes era a Green Hill Zone do Sonic, hoje estamos na fase do Dr Robotnik.
8) A musicalidade de vocês sempre foi bem características, a Condessa do álbum é a mesma Condessa que marcou uma cena do rock?
É a mesma Condessa, mas que cresceu e se conhece melhor.
9) O que a gente pode esperar desse emblemático show?
O que podemos adiantar é que estamos nos dedicando muito, e estaremos de alma aberta naquele palco no dia 3 de dezembro.
10) O que o Breno diria nesse momento?
Acho que estaria feliz e orgulhoso do álbum. Estaria ansioso para fazer uma turnê pela Suécia. Estaria escolhendo a bandana que ia colocar de rabo, pintando a unha de preto e gritando AAAAALL RIGHT, LET’S SING THE MOTHAFUCKING BLUES!